As paleotocas segundo (Frank 2010) são
estruturas de bioerosão em ambiente continental encontradas na forma de túneis
escavadas em rochas alteradas ou não, apresentam seções elípticas ou circulares
com 0,7 a 3.0 m de diâmetro e centenas de metros de comprimento. Estas
estruturas são de moradia temporária ou permanente, atribuídas a escavação por
mamíferos fossoriais gigantes, que habitavam a América do Sul durante o
Terciário e o Quaternário. Quando as paleotocas ocorrem preenchidas por
sedimentos são denominadas de crotovinas; se estiverem com o teto desabado são
chamadas de dolinas ou trincheiras. (BUCHMANN et al., 2003; 2009).
Dentro dessas galerias é possível observar marcas nas paredes, identificadas
como as marcas das garras durante a escavação, marcas da impressão da carapaça,
e marcas de polimento durante a passagem do animal pela galeria, que trazem
evidências do comportamento desses animais; e são importantes por
potencialmente conterem fósseis em seu interior, tornando-se valiosas fontes
para estudos paleoecológicos e paleobiológicos das possíveis espécies que as
formaram (BUCHMANN et al., 2010).
A
ausência de restos fósseis no interior das galerias impede a identificação
precisa do organismo responsável por sua escavação. As dimensões das galerias,
as marcas de escavação e marcas de osteodermos presentes ao longo das galerias
sugerem pelo menos dois escavadores: a) mamíferos xenartros dasipodídeos
(tatus-gigantes) no caso de galerias com diâmetro entre 0,7 e 1,4 m, e b)
mamíferos xenartros milodontídeos (preguiças-gigantes) no caso das galerias com
diâmetro de até 4 m. A idade das paleotocas está entre 3 milhões de anos e ,
devido a ocorrência em depósitos pleistocênicos, não se descarta a
possibilidade de idades próximas a 10ka (BUCHMANN et al. 2009), destacam
a importância das paleotocas por representarem um grande potencial
paleontológico, provavelmente contendo fósseis em seu interior. Por se tratarem
de estruturas ocorrentes dentro de cavernas, o potencial paleontológico
aumenta, uma vez que os condutos das cavernas se encontram em zona afótica e
distante da entrada, o que dificulta a ação do intemperismo, facilitando a
preservação de possíveis fragmentos fósseis. As paleotocas apresentam se
geralmente longas e profundas muito maiores do que os animais que as escavaram,
um motivo para esse tamanho seria o clima frio da época Os bichos se abrigavam
nas tocas e, juntos, conseguiam passar mais confortavelmente os invernos. É o
que fazem, hoje em dia, os ursos no Hemisfério Norte. No caso dos ursos, os
animais normalmente ficam sozinhos em uma caverna ou outro local apropriado. No
caso das paleotocas, entretanto, é possível sugerir que elas serviam de abrigo
para grupos de tatus e preguiças-gigantes. Manadas. Porque mesmo para uma
preguiça-gigante só os megatúneis são grandes demais. Assim, à medida que mais
paleotocas são descobertas, podemos chegar a conclusões melhor fundamentadas,
com argumentos mais fortes ( Prof. Heinrich Frank).Frank et al. (2010),
comentam que as paleotocas formam túneis que podem estar situados em sedimentos
aluviais, rochas sedimentares ou no manto de alteração de rochas magmáticas e
metamórficas.
Tabela 1. Substratos onde foram encontrados
paleotocas e crotovinas no Brasil.
Icnofóssil
|
Substrato
|
Estado
|
Crotovina¹
|
Sedimento aluvial
|
Rio Grande do Sul
|
Crotovina²
|
Areias quartzosas
|
Rio Grande do Sul
|
Crotovina5
|
Basalto alterado
|
Rio Grande do Sul
|
Crotovina5
|
Sedimento aluvial
|
Rio Grande do Sul
|
Crotovina5
|
Areia síltico-argilosa
|
Rio Grande do Sul
|
Crotovina5
|
granito alterado
|
Rio Grande do Sul
|
Crotovina5
|
sedimento aluvial
|
São Paulo
|
Crotovina5
|
Metacalcário alterado
|
São Paulo
|
Paleotoca4
|
Basalto alterado
|
Rio Grande do Sul
|
Paleotoca5
|
Sedimento aluvial
|
Rio Grande do Sul
|
Paleotoca5
|
Basalto alterado
|
Rio Grande do Sul
|
Paleotoca6
|
Arenito eólico
|
Rio Grande do Sul
|
Paleotoca³
|
siltito permiano
|
Santa Catarina
|
Paleotoca³
|
Arenito jurássico
|
Santa Catarina
|
Paleotoca7
|
diamictito
hematítico
|
Minas
Gerais
|
Paleotoca7
|
formação
ferrífera alterada
|
Minas
Gerais
|
Paleotoca7
|
canga/saprólito
|
Minas
Gerais
|
Porcentagem dos substratos
Classe
|
Frequência
|
Frequência Relativa
|
|
Sedimento
Aluvial
|
4
|
4/17= 0,235= 23%
|
|
Areias
quartzosas
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Basalto
Alterado
|
3
|
3/17= 0,176= 17%
|
|
Areia
silítico-argilosa
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Granito
Alterado
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Metacalcário
Alterado
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Arenito
eólico
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Siltito Permiano
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Arenito Jurássico
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Diamictito Hemático
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Formação Ferrífera Alterada
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
|
Canga/Saprólito
|
1
|
1/17= 0,058= 6%
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário