terça-feira, 11 de junho de 2013

Referencial teórico



As paleotocas segundo (Frank 2010) são estruturas de bioerosão em ambiente continental encontradas na forma de túneis escavadas em rochas alteradas ou não, apresentam seções elípticas ou circulares com 0,7 a 3.0 m de diâmetro e centenas de metros de comprimento. Estas estruturas são de moradia temporária ou permanente, atribuídas a escavação por mamíferos fossoriais gigantes, que habitavam a América do Sul durante o Terciário e o Quaternário. Quando as paleotocas ocorrem preenchidas por sedimentos são denominadas de crotovinas; se estiverem com o teto desabado são chamadas de dolinas ou trincheiras. (BUCHMANN et al., 2003; 2009). Dentro dessas galerias é possível observar marcas nas paredes, identificadas como as marcas das garras durante a escavação, marcas da impressão da carapaça, e marcas de polimento durante a passagem do animal pela galeria, que trazem evidências do comportamento desses animais; e são importantes por potencialmente conterem fósseis em seu interior, tornando-se valiosas fontes para estudos paleoecológicos e paleobiológicos das possíveis espécies que as formaram (BUCHMANN et al., 2010).
A ausência de restos fósseis no interior das galerias impede a identificação precisa do organismo responsável por sua escavação. As dimensões das galerias, as marcas de escavação e marcas de osteodermos presentes ao longo das galerias sugerem pelo menos dois escavadores: a) mamíferos xenartros dasipodídeos (tatus-gigantes) no caso de galerias com diâmetro entre 0,7 e 1,4 m, e b) mamíferos xenartros milodontídeos (preguiças-gigantes) no caso das galerias com diâmetro de até 4 m. A idade das paleotocas está entre 3 milhões de anos e , devido a ocorrência em depósitos pleistocênicos, não se descarta a possibilidade de idades próximas a 10ka (BUCHMANN et al. 2009), destacam a importância das paleotocas por representarem um grande potencial paleontológico, provavelmente contendo fósseis em seu interior. Por se tratarem de estruturas ocorrentes dentro de cavernas, o potencial paleontológico aumenta, uma vez que os condutos das cavernas se encontram em zona afótica e distante da entrada, o que dificulta a ação do intemperismo, facilitando a preservação de possíveis fragmentos fósseis. As paleotocas apresentam se geralmente longas e profundas muito maiores do que os animais que as escavaram, um motivo para esse tamanho seria o clima frio da época Os bichos se abrigavam nas tocas e, juntos, conseguiam passar mais confortavelmente os invernos. É o que fazem, hoje em dia, os ursos no Hemisfério Norte. No caso dos ursos, os animais normalmente ficam sozinhos em uma caverna ou outro local apropriado. No caso das paleotocas, entretanto, é possível sugerir que elas serviam de abrigo para grupos de tatus e preguiças-gigantes. Manadas. Porque mesmo para uma preguiça-gigante só os megatúneis são grandes demais. Assim, à medida que mais paleotocas são descobertas, podemos chegar a conclusões melhor fundamentadas, com argumentos mais fortes ( Prof. Heinrich Frank).Frank et al. (2010), comentam que as paleotocas formam túneis que podem estar situados em sedimentos aluviais, rochas sedimentares ou no manto de alteração de rochas magmáticas e metamórficas.

Tabela 1. Substratos onde foram encontrados paleotocas e crotovinas no Brasil.
Icnofóssil
Substrato
Estado
Crotovina¹
Sedimento aluvial
Rio Grande do Sul
Crotovina²
Areias quartzosas
Rio Grande do Sul
Crotovina5
Basalto alterado
Rio Grande do Sul
Crotovina5
Sedimento aluvial
Rio Grande do Sul
Crotovina5
Areia síltico-argilosa
Rio Grande do Sul
Crotovina5
granito alterado
Rio Grande do Sul
Crotovina5
sedimento aluvial
São Paulo
Crotovina5
Metacalcário alterado
São Paulo
Paleotoca4
Basalto alterado
Rio Grande do Sul
Paleotoca5
Sedimento aluvial
Rio Grande do Sul
Paleotoca5
Basalto alterado
Rio Grande do Sul
Paleotoca6
Arenito eólico
Rio Grande do Sul
Paleotoca³
siltito permiano
Santa Catarina
Paleotoca³
Arenito jurássico
Santa Catarina
Paleotoca7
diamictito hematítico
Minas Gerais
Paleotoca7
formação ferrífera alterada
Minas Gerais
Paleotoca7
canga/saprólito
Minas Gerais


Porcentagem dos substratos
Classe
Frequência
Frequência Relativa

Sedimento Aluvial
4
4/17= 0,235= 23%

Areias quartzosas
1
1/17= 0,058= 6%

Basalto Alterado
3
3/17= 0,176= 17%

Areia silítico-argilosa
1
1/17= 0,058= 6%

Granito Alterado
1
1/17= 0,058= 6%

Metacalcário Alterado
1
1/17= 0,058= 6%

Arenito eólico
1
1/17= 0,058= 6%

Siltito Permiano
1
1/17= 0,058= 6%
Arenito Jurássico
1
1/17= 0,058= 6%
Diamictito Hemático
1
1/17= 0,058= 6%
Formação Ferrífera Alterada
1
1/17= 0,058= 6%
Canga/Saprólito
1
1/17= 0,058= 6%




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